Esse mês graças a Deus conseguimos vender a casa do meu pai. Foi um alívio, pois já se passaram 3 anos do falecimento dele e o lugar infelizmente estava deteriorando.
Apesar da felicidade, essa venda carrega também uma grande despedida. Um "adeus" ao lugar onde vivi de 1997 até 2014. E meus pais que moraram até 2021.
Essa casinha no Simus era o xodó do meu pai. Após muitos anos de trabalho e morando de aluguel num apartamento em Sampa - ele conseguiu comprá-la e assim iniciamos uma nova vida aqui na cidade.
A nossa mudança foi carregada de muitos sonhos e muitas coisas boas. Estávamos vindo pro interior, pra uma casa térrea com móveis todos novos, meu pai aposentado, eu iniciando colégio técnico após passar no vestibulinho.
Foi essa casa que acompanhou tantas fases maravilhosas da minha vida e das quais eu lembro com muito amor:
- Durante o período do colegial, em que eu passava boa parte do tempo escutando boy bands ou bandas de rock no meu CD Player e assistindo MTV;
- Durante a faculdade, no computador fazendo muitos trabalhos e usando o ICQ pra me comunicar com o grupo;
- Quando o Gabriel nasceu e morou durante alguns meses - e eu acompanhei suas cólicas, seus choros e os primeiros momentos da sua vida;
- Depois que comecei a trabalhar e apesar da vida corrida (10 anos viajando a rota Sorocaba-Sampa-Sorocaba) - é o lar pra onde eu sempre voltava ao final do dia;
- Por toda a infância do meu sobrinho, brincando nos corredores, quintais e espalhando coisas pela casa toda;
- Nos churrascos e reuniões em família;
- As reformas que ajudei meu pai a fazer, construindo uma edícula e uma churrasqueira no fundo, cobrindo a garagem e colocando um portão automático;
- Os finais de semana em que íamos todos visitar meus pais - enquanto minha mãe estava na cozinha preparando coisas deliciosas, a gente sabia que meu pai estava chegando da sua caminhada diária pelo barulho no portão;
- Natais, Reveillóns, Dias de Mães e Pais... e todas as datas festivas em que nos encontrávamos por lá;
- Meu pai puto com os gatos que faziam cocô no telhado;
- Risadas e histórias em volta da mesa de jantar;
- A casa onde recebíamos as visitas de parentes e amigos;
- E acima de tudo, o porto seguro pra onde poderíamos voltar sempre <3
Dentre tantos outros momentos - alguns felizes e outros nem tanto. Mas tudo parte da nossa história. E de um tempo que não volta mais.
Agora fica a saudade, e o desejo de que as pessoas que lá vão morar possam ser tão felizes quanto foi a nossa família durante o tempo que vivemos no número 333 da Alameda dos Gladíolos.